Mercado consolida recuperação, mas escassez de produtos ainda é gargalo para alguns segmentos, diz FENABRAVE. Mesmo com crescimento, o ano de 2021 deverá fechar com 3.455.080 veículos emplacados, 13,6% acima de 2020, mas 12,05% menor do que em 2019 (3.928.668 veículos). Este ano, contudo, deverá ser melhor do que os de 2016 e 2017, quando o Brasil apresentou uma das piores crises econômicas e políticas de sua história.
Apesar da ligeira retração de -3,03% registrada em junho, ante maio, o mercado de veículos consolidou sua trajetória de recuperação no primeiro semestre de 2021. De acordo com dados da FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, todos os segmentos automotivos registraram crescimento acima de dois dígitos no número de emplacamentos, na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o Brasil passou a sofrer os impactos da pandemia do Coronavírus. “A alta em relação ao primeiro semestre do ano passado já era esperada, pois tivemos uma paralisação quase completa da economia em abril de 2020, mas, de qualquer forma, o mercado mostrou boa adaptação à pandemia”, destaca Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade.
Segundo ele, a recuperação poderia ser melhor, caso a produção de veículos estivesse normalizada, uma vez que a indústria continua enfrentando dificuldades na obtenção de peças e componentes eletrônicos, a fim de manter o ritmo de produção que atenda à atual demanda. “Isso fica bem claro no segmento de automóveis, por exemplo. As concessionárias estão, praticamente, sem estoque de alguns modelos e as entregas estão represadas, o que acaba comprometendo a recuperação dos segmentos afetados”, explica.
Projeções revistas para 2021
Neste cenário, a FENABRAVE revisou as projeções iniciais, de emplacamentos para 2021. Em janeiro, a entidade havia estimado que o setor automotivo, como um todo, cresceria 16,6% este ano. Agora, a previsão é de uma alta de 13,6%. “Como disse, automóveis e comerciais leves continuam muito afetados pela baixa disponibilidade de produtos. Em função da importância de ambos, em termos de volume, para o setor automotivo, o número global foi reduzido, mas outros segmentos, como caminhões, ônibus e implementos rodoviários, tiveram suas estimativas ajustadas para cima”, analisa Assumpção Júnior.
Desempenho e revisão de projeções por segmento
AUTOMÓVEIS
Devido aos problemas de produção, a FENABRAVE revisou as projeções de crescimento de automóveis para 2021, que foram estimadas em 15,4%, no início do ano, e passaram para um aumento projetado em 10,2%, de acordo com as novas expectativas da entidade. “Pode parecer muita diferença percentual, mas em relação ao volume, estamos falando de pouco mais de 100 mil unidades, o que não é expressivo. E, caso a produção se regularize, esse resultado, certamente, se reverterá para as projeções iniciais”, explica o Presidente da FENABRAVE.
COMERCIAIS LEVES
Apesar dos números positivos do 1º. semestre, a FENABRAVE espera um arrefecimento na demanda para o restante do ano, em função da falta de componentes para regularização da produção, o que fez as estimativas serem ajustadas, passando de um crescimento de 17,9%, projetado em janeiro, para uma alta menor, de 13,2%, segundo a nova projeção.
AUTOMÓVEIS E COMERCIAIS LEVES
Na soma dos dois segmentos, as projeções da FENABRAVE passaram dos 15,8% de aumento, estimado em janeiro, para os atuais 10,7%, devendo totalizar 2.159.636 unidades emplacadas em 2021, contra 2.258.872 automóveis e comerciais leves previstos para este ano, nas perspectivas iniciais.
CAMINHÕES
A conjuntura atual do mercado de caminhões fez com que a FENABRAVE revisasse a estimativa de alta do segmento, passando de um crescimento estimado em 21,7%, divulgados em janeiro, para 30,5%, revistos no início de julho.
Caso a projeção se confirme, com 116.415 unidades emplacadas, 2021 poderá ser o melhor ano para o segmento, desde 2014, quando foram comercializados 137.052 caminhões.
ÔNIBUS
Considerada mais um ajuste estatístico do que de cenário, a revisão das projeções, para os emplacamentos de ônibus, aponta alta de 10,6%, ante os 8,2% de aumento, estimados em janeiro.
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
Com a maior alta acumulada do semestre, os Implementos Rodoviários são o segmento que mais deve crescer em 2021, podendo registrar um dos melhores anos de sua história. Segundo a nova projeção da entidade, a previsão, agora, é de um crescimento de 41,1%, quase o dobro do que havia sido projetado em janeiro (22,5%).
MOTOS
A FENABRAVE realizou ajuste estatístico nas projeções de motocicletas para 2021, e ao invés do crescimento de 17,6%, estimado em janeiro, o percentual de aumento, agora, caiu para 16,2%.
TRATORES E MÁQUINAS AGRÍCOLAS
A FENABRAVE revisou a projeção do segmento para uma alta de 20,4% (a primeira previsão apontava crescimento de 3,3% no ano). “O Plano Safra 2021/2022, anunciado recentemente, apontou aumento nos montantes destinados à aquisição de máquinas e equipamentos. Somado ao bom momento do agronegócio, entendemos que o segmento deve crescer mais do que havíamos projetado em janeiro, mesmo com a regularização gradativa da produção”, diz Assumpção Júnior.
O gráfico acima demonstra as oscilações vividas pelo Setor da Distribuição de Veículos desde 2010, quando o Brasil se recuperava dos efeitos da crise internacional (Lemann Brothers), vivendo seus melhores anos até 2013/2014.
“Entre 2015, 2016 e até o segundo semestre de 2017, quando retomamos a rota do crescimento, o Brasil viveu uma de suas piores crises econômicas e políticas, afetando o desempenho do nosso Setor. Em 2018, mesmo com a greve dos caminhoneiros tivemos uma boa evolução, que se repetiu em 2019. Mas, no início de 2020, a pandemia do Coronavírus nos surpreendeu, provocando mais uma terrível crise mundial, desta vez, além de econômica, também sanitária, que ainda perdura em nosso País. Mas, estamos confiantes na recuperação, com a vacinação em massa, com o nosso PIB, que deve ser melhor do que o esperado, inicialmente, e com a manutenção do crédito e regularização da produção, devemos, aos poucos, retomar o caminho do crescimento em nosso Setor”, conclui Alarico Assumpção Júnior.
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